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Outubro quente traz o Diabo no ventre.

Outubro secão, negaças de verão.

18 de abril de 2007

Ensino

Maiores de 23 anos aliviam universidades
fernando oliveira

Maria Isabel e Carloscasados também na vontade de estudar ao fim de 20 anos


Pedro Araújo

Quando entre 20% e 66% dos novos alunos recrutados por duas universidades privadas entram pela via do regime especial "maiores de 23 anos" (+ 23) e sem o Secundário completo, a palavra "maná" surge naturalmente, sobretudo num panorama de perda de alunos. As instituições estão nesta altura a tentar cativar este segmento de mercado para o próximo ano lectivo e muitas prometem mais vagas. O JN recolheu dados de sete universidades, duas das quais privadas. As públicas responderam, mas duas privadas conhecidas não deram os dados.

A percentagem de alunos entrados pelo regime de + 23 é diminuta nas universidades públicas, mas não em termos absolutos. Na total da Universidade do Porto (UP), entraram 188 alunos, prevendo-se um aumento para 270 vagas em 2007/08. A UP não revelou o total de entradas, mas a percentagem dos + 23 é seguramente pequena. Com 207 alunos (66% do total de entradas), a Universidade Moderna de Lisboa - com percentagens de +23 semelhantes nos seus dois outros pólos - não fica muito acima dos 188 da UP.

A Universidade Lusíada de Lisboa conseguiu angariar 255 alunos +23, representando esse segmento cerca de 20% do total de entradas em 2006/07. Esta instituição é a recordista das perdas ao longo da última década mais de 7500 alunos (conjunto dos três pólos).

A Universidade de Lisboa surge em segundo lugar no ranking da amostra do JN. Com 181 entradas pelo regime +23 (5,2% do total de ingressos), a instituição pública mostra-se optimista na actual fase de recrutamento, uma vez que já surgiram 130 candidatos. Em terceiro lugar, surge a Universidade Nova de Lisba, com 146 estudantes aprovados nas provas de acesso.

A Universidade de Aveiro recrutou 85 estudantes +23 no ano passado, representando 5% do total de novos alunos. Fonte oficial revelou que a instituição pretende aumentar em 50% as vagas para este tipo de candidato. A mais antiga Universidade portuguesa, em Coimbra, ficou-se pelas 57 admissões e 55 inscrições de maiores de 23 anos. Apenas 2% do total de ingressos.

De mãos dadas na formação universitária

Carlos (43 anos) e Maria Isabel (40 anos) Aguiar Pereira deram as mãos e avançaram para a Universidade ao fim de mais de duas décadas sem estudar. O novo regime de acesso ao Ensino Superior, que vigora desde o ano transacto em substituição do velho exame "ad hoc", foi aproveitado pelo casal de Gondomar. Hoje, estão plenamente satisfeitos. Carlos terminou o primeiro semestre do curso de Economia com aproveitamento nas disciplinas semestrais. Foi sujeito a avaliação contínua, mas quis ir também a exame e levantou todas as notas. Maria Isabel optou pelo Direito, também ela na Universidade Lusíada do Porto, e ainda não deixou qualquer cadeira atrasada.



Carlos sempre nutriu um enorme gosto pela Economia. Quando chegou ao 10.º ano de escolaridade, optou por essa área, mas quando lhe faltavam apenas duas cadeiras para completar o 11.º ano, o seu avô, dono de um posto de abastecimento em frente da Câmara de Gondomar, teve um AVC. Decorria então o ano de 1982 e Carlos nunca mais voltou a estudar. Primeiro, quis suprir a falta do avô, mas acabou por herdar o negócio que ainda mantém.



Do posto de abastecimento, avista-se a Câmara de Gondomar, mesmo do outro lado da rua. É lá que Maria Isabel trabalha como chefe de secção nos Recursos Humanos. Tem o 10.º ano completo. A ambição de um dia poder chegar a chefe de divisão ou ascender a técnica principal levou-a a optar pelo Direito. "Lido todos os dias com legislação. Julgo que o curso me dará ideias mais claras sobre as matérias".



Com dois filhos, de 8 e 11 anos, a vida não ficou mais fácil. Carlos foi obrigado a frequentar o curso diurno e Maria Isabel teve de ir para o horário pós-laboral. Ele beneficia do facto de ser patrão e poder gerir melhor o tempo, enquanto que a mulher se sujeita ao horário da Câmara e vai estudar a partir das 18.30 horas. "A vida familiar acabou praticamente. Os miúdos já se queixam, mas ao menos está sempre um de nós com eles", afirma Maria Isabel. "O curso é mais útil para ela. Gastamos 450 euros por mês, mas vale a pena", diz Carlos. Quando perguntamos se vão até ao fim, a resposta surge em uníssono. "Sim, claro".


Perda de 15 mil alunos ao longo de 10 anos

Dados do Observatório de Ciência e Ensino Superior mostram que houve uma perda de pelo menos 15 mil alunos entre os anos de 1997/98 e 2005/06 nas nove instituições privadas que ostentam o título de "universidade". Universidade Lusíada perdeu mais de 7500 alunos numa década, logo seguida pela Autónoma com mais de 5700 perdas. Em terceiro, está a Moderna (-3441).



Percentagem de diplomados

Segundo dados do INE, o ensino superior privado perdeu alunos entre 2000 e 2005, houve menos 5% de diplomados por este tipo estabelecimentos. Em 2005, representavam 30% do total de diplomados.

3 comentários:

Anónimo disse...

Epah!
Deixem lá as velhotas e vejam se conseguem cativar mais meninas para o ensino superior! =D








Agora mulheres com 40 anos...pfff

Anónimo disse...

Este país é uma vergonha.
Qualquer lobby justifica alterações absurdas.
Vejam a taxa de aprovação nos exames de admissão. Ridiculo.
Quem verifica os exames é a própria faculdade privada!!!
É como perguntar so peixeiro se o peixe é fresco?
S queriam fazer isso, punham-nos a fazer as provas especificas ou exames nacionais q na altura n tinham a identificação do aluno e que eram corrigidos por professores de todo o país sem saber quem era o aluno e dp os q passassem teriam acesso às privadas sem terem o 12º ano.
Íamos vêr qts passavam!
Mas vale tudo para manter as universidades privadas que como se tem visto mts delas deixam mt a desejar.
É uma vergonha e todos nós devíamos protestar até isto ser revisto.

Anónimo disse...

exctamente por isso é que pus o artigo, estamos no pais das cunhas e toda a gente conhece alguem que tem um conhecido não sei onde.. Tenho um amigo meu que está assim na Autonoma